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domingo, 24 de setembro de 2017

10 Anos da Escola Irmã Agnes Vincquier


    A minha mãe, Professora Zilda Carmo de Almeida, foi convidada pela Escola Irmã Agnes Vincquier para fazer uma roda de conversa com estudantes e funcionários com o objetivo de falar das suas memórias e experiências de convívio com a querida Irmã Agnes: Missionária Belga do Imaculado Coração de Maria, que veio a nossa comunidade como um presente Deus para juntos vivermos felizes na comunhunhão cristã.
   Junto com ela conviveram conosco também a Irmã Cris (que retornou a Bélgica em 2012) e a Irmã Malati (atualmente em missão no Rio de Janeiro). 
    Teremos a alegria de recebermos mais uma vez a visita da Irmã Malati em nossa comunidade do dia 3 ao dia 06 de outubro deste ano. Em outras publicações falarei mais da experiência de nossa convivência, bem como postarei registros dos momentos de sua visita.
     Trago também a vocês uma entrevista que a Irmã Malati concedeu ao blog Pessoas Comuns que Fazem a Diferença, escrito por Gustavo Simões. Vomos conhecer um pouco de nossa estimada Irmã Malati.



Onde e quando a senhora nasceu?

Nasci numa cidade chamada Trichirappalli, no estado de Tamil Nadu, na Índia, no dia 7 de Janeiro de 1949.


- Como foi a sua infância?

Graças a Deus, Ele  escolheu para mim os pais católicos que moravam numa área católica, numa paróquia dos jesuítas. Na área aonde nasci e cresci estávamos cercados por famílias católicas e havia missa diária e oração da noite na capela.

Meu pai trabalhava como contabilista no departamento ferroviário do Governo e gostava de ler a Bíblia. Lia todos os dias em voz alta um capítulo da Bíblia e a minha mãe ficou em casa para nos cuidar. Nós éramos ao todo 10 filhos.

Eu nasci como o 5º membro da família e a primeira filha da família. Depois dos 4 filhos, a minha mãe queria ter uma filha e disse que rezou muito para nascer uma filha. O meu nascimento foi um grande alegria para os meus pais e meus 4 irmãos. Me deram o nome Malathi poque eu nasci  na parte da tarde quando estavam ascendendo a lamparina do óleo. Malathi na minha língua quer dizer o fogo da tarde.

Os meus avós maternos moravam na casa vizinha. Eles tinham 14 filhos. A minha mãe era a filha mais velha e nós tivemos muita interação com os tios, as tias e os primos e primas. Criamos um laço forte que dura até hoje.

Quando tinha 2 anos de idade,  ao longo de 8 meses os meus dois irmãos mais velhos faleceram, um de febre tifoide com pneumonia ( naquele tempo não havia remédio para esta febre) e outro morreu de catapora que não apareceu por fora mas o envenenou por dentro. Estas duas perdas marcaram muito a minha família. Minha mãe fala que a falta dos meus dois irmãos que brincavam comigo me fez ficar quieta. Sei que  até hoje a tristeza da perda me faz ficar em silêncio.

Com esta tristeza a minha mãe perdeu um filho, ela estava grávida. Ainda bem que Deus salvou  a vida da minha mãe que também estava em perigo por causa da hemorragia.

Depois nasceu um irmão que está bem. Hoje está no país chamado Kuwait. Assim voltou a alegria da família.

Quando tinha 4 anos outro irmão meu nasceu, com um problema de coração ( falavam dele como a “criança azul”). Ele viveu somente quatro meses e depois faleceu. Mais uma vez a minha família sofreu uma perda.

Depois nasceu a minha irmã. Ela está bem casada com 5 filhos e mora a cidade de Bangalore. O nascimento dela trouxe  muita alegria.

Quando tinha 6 anos mais um irmão faleceu, um dia depois do parto. Pois a anestesia da cirurgia afetou a criança. Isso foi um grande sofrimento para os meus pais.

Assim desde a infância Deus me fez experimentar de uma maneira forte o mistério Pascal de vida e morte.

Comecei ir a escola desde os 4 anos de idade. Foram anos de aprendizagem, brincadeira de criar amizades que duram até hoje.


- Quando e porque decidiu ser uma religiosa?

Minha avó materna não gostava muito das freiras. Ela não queira que as filhas se tornassem freiras. Então desde a infância pensei que aquelas que não podem se casar se tornavam as freiras.

Mas quando tinha 13 anos , tive uma professora bonita e boa que entrou no convento Carmelo contemplativo. Fomos convidadas para o dia dela receber o Hábito. Ela parecia mais bonita e mais feliz. Então o conceito errado da minha infância estava mudando.

Também neste ano na escola católica aonde eu estudava, na catequese, estudávamos o evangelho de São João. Pela primeiro vez li a seguinte frase : “Deus amou o mundo tal maneira que Ele deu seu único filho para salvar o mundo” (João 3,16). Esta frase fez algo dentro de mim  que pela primeira vez entendi que o nosso Deus é um Deus que nos salva. Naquele tempo  a igreja chamava de pagão as pessoas que pertenciam a outra religião. Então tinha medo de perder as minhas amigas Hindus que não foram batizadas.

Então queria também doar a minha vida  para Deus, como Jesus, para salvar o mundo. Então quando tinha 16 anos queria entrar no Convento de Carmelo contemplativo. Graças a Deus  o meu diretor espiritual, conhecendo a minha natureza social, me encaminhou para a congregação das Irmãs Missionarias do Imaculado Coração de Maria aonde eu pertenço até hoje.


- Sua família apoiou sua decisão de ser uma irmã?

No início o meu pai teve muita dificuldade em aceitar. Também tinha somente 16 anos. Ele pensava que eu não tinha a maturidade necessária para fazer uma decisão para toda uma vida. O meu tio pensou que talvez eu não fosse permanecer por mais de duas semanas porque era muito apegada à minha família.

Mas minha mãe acreditava na minha escolha e na minha busca. Quando o meu pai veio me visitar depois de um mês da minha entrada no convento ele acreditou em mim porque me viu bem feliz..


- Nesse contexto como foi sua vinda para o Brasil?

Quando entrei no convento  a nossa congregação não tinha ideia de mandar as irmãs indianas para missão fora da Índia. Como congregação na Índia nós temos muitas instituições com escolas, hospitais, ambulatórios, escolas técnicas, escolas para surdos e cegos etc. Então, eu me formei como uma professora de crianças surdas e trabalhei como diretora da escola dos surdos na cidade de Mumbai por quatro anos.

Mas o governo Indiano fechou os vistos para as irmãs estrangeiras que iriam entrar. Então a congregação apelou para nós, as irmãs jovens, para optar pela missão fora do país.

Eu já estava bem entrosada no meu trabalho e estava feliz. Mas este chamado me incomodava. Tocou  o meu apego pelo meu trabalho. Então fiz um discernimento sério e entendi o chamado de Deus para desapegar de novo e colocar na disposição de Deus e da congregação.

 Assim cheguei no Brasil no ano 1978. O meu irmão, que é  Padre jesuita, não concordava com a minha decisão. Mas Deus se manifestou como Deus, mostrando que nada é impossível.


- A senhora faz parte de um grupo religioso? Qual o trabalho desse grupo e onde se localiza no Rio de Janeiro?

Eu faço parte da congregação das Irmãs Missionarias do Imaculado coração de Maria. A sede se localiza na rua vereadora Russani Elias José, 101, Nova Iguaçu, RJ. Para nós Irmãs Missionarias do Imaculado coração de Maria  (ICM) a missão é o foco. Somos convidadas para nos dedicar às pessoas que estão na situação de fronteira, aonde a vida é ameaçada. Hoje no brasil nós irmãs estamos trabalhando com os drogados, prisioneiros, com empregadas domesticas, com migrantes, com educadores,, com crianças, mães e  jovens no nível de acompanhamento espiritual, jurídico, formação integral através de pastorais específicas, espiritualidade integradora e ajuda jurídica.


- Em quais atividades ligadas à vida como religiosa a senhora participa?

Por enquanto ( até Junho 2017) estou a serviço da nossa província do Brasil como Provincial. Este serviço consiste em animar, acompanhar  e coordenar as atividades  das irmãs para que  possamos ser fiel na missão que Deus nos confiou.

Uma vez por semana ( nas 4as feiras de 9-16h)  trabalho no Hospital São Francisco, Tijuca, na ala do Pai pela recuperação dos doentes especialmente os dependentes químicos na área da espiritualidade para resgatar sua autoestima e cura interior, através da yoga e da meditação.

Uma vez por semana participo no grupo de meditação cristã que funciona todas as 4as feiras de 18 às 19h  no salão São Francisco da Igreja dos Capuchinos.

Nas 5as feiras participo no grupo de Lectio divina  na Catedral santo Antônio  em Nova Iguaçu.

Nas 6as feiras dou uma hora de espiritualidade para a população da rua, na casa de olidariedade da diocese de Nova Iguaçu

Tenho outros compromissos de estudo ou retiro ou acompanhamento das pessoas ou visitas nas casas  que faço segundo o pedido pessoal e grupal.

- O que gosta de fazer nas horas vagas?

Faço um aprofundamento dos assuntos que vou tratando nos encontros que tenho assumido.

Gosto de rezar sozinha ou com as pessoas

Faço um trabalho pessoal comigo mesma para me entender melhor.

Visitar as famílias ou as pessoas para partilhar as suas experiências.

Ler os livros  que ajudam na pro ação.

Gosto  de cozinhar algo que é gostoso e poder oferecer para as pessoas que nos visitam.

Escrever ou responder os e mails.

 
- Nos conte um pouco das suas experiências internacionais.

As viagens que eu fiz até agora são pela necessidade da congregação seja para uma reunião, assembleia, um encontro ou um capítulo.

Assim visitei: Jamaica, St. Croix nas ilhas de Caribe, Guatemala,  Texas e Nova Iorque, Bélgica e Roma, e recentemente estive no Congo.

Quando vamos para outro país  conhecemos também o povo com quem as nossas irmãs trabalham e o tipo de trabalho que as nossas irmãs desenvolvem. Assim para mim isso abre a minha mente e o meu coração para abraçar outro povo , a sua luta e também para aprender algo  que ajuda na superação das dificuldades. A gente também começa a apreciar a cultura , a religiosidade e a fé do outro povo. Sinto que somos um povo, uma humanidade no jeito de nossa busca, nosso sofrer e nosso querer.


- Como e quando conheceu a Meditação Cristã? Porque começou a praticar?

Olha você nem pode imaginar. No ano 1998, fui visitar no Hotel Copacabana, alguns indianos que trouxeram alguma coisa de Índia. No elevador encontrei com D. Laurence Freeman , o líder mundial de Meditação Cristã, com o Sr. Sérgio de Morais que era o coordenador de Meditação Cristã do Rio de Janeiro. Então quando Dom Laurence Freeman soube que sou da Índia, ele falou para Sr. Sergio: “- Esta irmã pode ajudar na meditação Cristã”. Assim Sr. Sérgio me procurou. Depois conheci o grupo de Tijuca porque a D. Susana Calache que participou num dos meus encontro pediu a Ir. Fernanda para me procurar.


- O que a Meditação Cristã traz para a sua vida?

Quando conheci a meditação cristã já tinha praticado no passado  meditação. Mas a meditação cristã me deu uma disciplina de sentar 30 minutos de manhã e 30 minutos à noite. Me faz tocar o silêncio interior aonde habita  o sopro de Deus . Me dá o sentimento de gratidão diante de nosso Deus que se faz presente. Esta certeza me faz confiante diante das pessoas e situações, especialmente nos momentos desafiantes.

Sinto que a minha saúde física, emocional e espiritual estão melhorando a cada dia. A minha energia se torna positiva com as pessoas necessitadas. A minha esperança é mais forte do que o meu medo.


- O que a senhora diria para quem está começando a prática da Meditação?

Vale a pena praticar a meditação. Para ficar em silêncio não é fácil, mas a experiência de tocar o silêncio interior nos cura de todas as males e nos traz a intimidade com Deus, conosco mesmo e com outros. Cria um laço eterno com as pessoas  com quem meditamos.


- Como a senhora enfrenta as dificuldades da vida?

Diante das dificuldades, respiro profundo e invoco a mantra Maranata. Sinto que Deus vai diante de mim para abrir o caminho de paz e entendimento. Acredito que a boa noticia de Deus é maior que o meu medo. Na realidade sinto uma força interior para enfrentar as dificuldades e experimento a paz nas interações.


- Que mensagem deixaria para as pessoas?

Vale a pena praticar  a meditação, apesar da luta para entrar no silêncio. Uma vez que se entra nesta disciplina, a pessoa vai sentir o beneficio de meditação em todas as áreas da sua vida. Boa sorte para vocês.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Publicação de artigo em revista com recomendação da CAPES



   Compartilho com vocês a publicação de um artigo meu na revista Contribuiciones a las Ciencias Sociales ISSN 1988 - 7873 (Área de concentração: Sociologia), edição de Setembro de 2017, de Qualis B4. Esta última referência é uma classificação de qualidade feita pela CAPES (coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior).
      É um artigo especial para mim, pois brota da pesquisa de campo que fiz para minha dissertação de mestrado (UFPA 2014), tratando da região do Rio Capim da qual tenho origem.
   O título do artigo é Mineração e deslocamento na Amazônia: resignação e resistência ribeirinha e seus repertórios de luta e pode ser encontrado nos links abaixo:



Espero que leiam e que gostem. Grande abraço.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Os desafios da democracia no Brasil

       A Profª Zaíra, de história, pediu que eu fizesse um texto falando sobre a democracia no Brasil e direitos políticos. Em seguida ela pedirá aos seus aluno para que leiam e comentem.
       Sempre tive vontade de escrever sobre este tema. Espero que gostem. Abraço!

       Clique no link abaixo e leia em PDF

segunda-feira, 27 de março de 2017

A Pedagogia da Autonomia contra pedagogia da hipocrisia

 
       É incrivel como são hipócritas os que se dizem educadores e acabam por praticar a deseducação.
       Não consigo entender como um pretenso educador passa quatro anos na universidade aprendendo que a escola deve ser um ambiente de liberdade democrática, de diálogo e de incentivo ao espírito crítico dos estudantes, e quando parte para a prática trata o estudante como se fosse um soldado ou um trabalhador de uma fábrica que tudo tem que obedecer, sem ao menos questionar.
       Quantos seminários este mesmo pretenso educador fez e quantos excelentes recebeu por explanar o quanto é importante ouvir a comunidade escolar como um todo para realmente construir uma gestão democrática e condizente com a realidade social concreta... Porém quantas vezes se juntam os professores, coordenadores e direção para simplesmente decidirem por toda comunidade escolar, imporem regras que, se quer eles próprios procuraram refletir a fundo o porquê de determiná-las. Um exemplo disto é: por que não pode usar bermuda, mas pode usar saia? Qual seria o problema? Mostrar a parte inferior das pernas? seria isto imoral? Se for imoral...só é imoral com bermudas e com saias não?  
        É triste ouvir de coordenadores escolares que o estudante só pode entrar na escola com calça azul ou preta. Que o estudante não pode vir todo colorido... uns com calça verde, outros com vermelha, pois isto traz desorganização para escola. Como é revoltante saber que estudantes são barrados no portão da escola porque a bainha da sua calça está alguns centímetros acima do que é convencional; porque sua calça está rasgada ou porque usam camisas sem manga. Como é inacreditável que mães de estudantes são Impedidas de entrar na escola por estarem de vestido de alça ou de bermuda. O educador deve educar o estudante, porém quem educa o educador? Quem pode provocá-lo? Sensibilizá-lo para a reflexão de seu método, de sua postura na comunidadee escolar e de como se relaciona com esta, sobretudo com seu aluno?
         Que pureza é esta de se sentir ferido moralmente pela exposição das pernas, dos braços e do colo de outrem? Que estabelecimento escolar é este que tem mais pudor do que certas igrejas que recebem sem mais constrangimentos os seus irmãos e irmãs de bermudas e casmisetas?
       Agem como se fossem donos da escola. Não respeitam a diversidade dos estudantes quando impõem um padrão sem discutir com os estudantes e pais. Estão praticando uma educação que traz como resultado formar um indivíduo apolítico, apático, acomodado e que obedece sem questionar as decisões impostas por um núcleo de poder. O estudante que se forma nesses moldes é o mesmo cidadão que mais na frente vai aceitar calado uma reforma trabalhista que lhe tira direitos e precariza o trabalho, que aceita calado uma reforma previdenciária que aumenta seu tempo de contribuição e diminui seus rendimentos.
        Os que defendem a uniformização obrigatória dos estudantes dizem que eles não podem ter liberdade de usar bermuda porque não têm limites e desta permissão abusariam e passariam a usar roupas mais curtas. Porém, pergunto: Como poderão os jovens amadurecer se não tiverem a oportunidade de fazerem uso da liberdade? Os jovens não merecem confiança? Queremos que sejam eternamente tutelados? Os estudantes estão condicionados à tutela que até para irem ao banheiro, perguntam ao professor: - Posso ir ao banheiro? Ora, e se o professor disser não? O estudante deverá acatar e matirizar seu organismo em nome de uma pseudo e despropositada autoridade?
     É certo que temos que entender as pessoas que buscam no modelo tradicional de educação: o respeito, a organização e a harmonia. Porém devemos refletir sobre o que pode ser mudado sem prejudicar esses princípios. Seria a uniformização obrigatória do estudante e a rigidez quanto a exposição do corpo que vão trazer estes valores? Por que o jovem deve andar unifformizado e coberto do pescoço aos pés no ensino médio e quando este mesmo jovem entra na universidade tem a liberdade de andar até de short, chinelo e camiseta? Por isso a universidade seria imoral? Se sim, quer dizer que os professores que são formados nas universidades, estão sendo formados em ambiente de imoralidade? 
        É importantante destacar que nós que pregamos uma educação libertadora não queremos uma educação bagunçada, sem limites e sem regras. Porém queremos discutir junto com a comunidade como um todo, quais são estes limites e regras. Como disse a brilhante educadora Cecília Meireles: devemos "instruir para educar, educar para viver, mas viver par que?". Portanto. É inarredavelmente necessário ouvir a comunidade sim! Para sabermos quais são os objetivos de nossa educação, o que e como devemos aprender (currículo e metodologia), e quais são as regras que devem ser adotadas e porque adotá-las.
        Até o mais tradicionalista há de convir que, se a sociedade muda, as regras também mudam, mesmo que demore. Devemos ter a clareza de que nem toda lei ou regra é justa. Se não fosse assim, poderíamos dizer então que a escravização era justa, que o apartheid sulafricano e a segregação étnica norte americana era justa. Que a regra de impedir a mulher de votar era justa. As coisas mudam. Há décadas atrás não era dequado a mulher usar calça cumprida. Até a década de 80, em pleno clima tropical, os acadêmicos de direito da UFPA eram obrigados a usarem paletó e gravata para assistirem aulas. Mas isto mudou. Será que devemos nos apegar à regras e posturas retrógadas cegamente sem pelo menos fazer uma reflexaão? Se sim, pelo menos temos que combinar.
       Há alguns dias atrás pedi que um estudante fosse pegar sua redação em sua casa que fica, aproximadamente há cem metros da escola. O vigia não permitiu que ele saísse, pois disse que pelas regras, o aluno só pode sair com autorização da secretaria. Nestas primeiras horas da manhã não estavam na escola nem o diretor, nem o vice, nem sequer uma coordenadora. Então autorizei que o estudadante fosse. Porém o vigia trancou o portão e deixou o jovem para o lado de fora, não permitindo que o mesmo assistisse as demais aulas. Isto provocou uma comoção muito grande entre os alunos e em mim também. Em solidariedade toda a turma foi até o portão, onde foi feita a leitura em voz alta da redação da jovem vítima do sistema escolar autoritário e retrógrado. A culpa deste agressão contra o jovem não é só do despreparado vigia, mas do diretor, do vice diretor e dos coordenadores que só dão as regras, mas não procuram sensibilizar o vigia para a diversidade de situações que podem ocorrer. A culpa tabém é de nós professores que tudo queremos decidir a sós com a direção e coordenação. A culpa também é dos alunos e dos pais que se submetem a todas as regras sem participar do processo decisório. 
      Produto deste conflito surgiu a ideia por parte dos estudantes de se fazer uma assembleia na escola para se discutir todas estas questões. Foi registrada uma ocorrência na escola em que os estudantes isto reivindicam. Estamos a cargo direção para que marque a data da reunião. Quanto mais este encontro tardar, mas causará revolta entre aqueles que desejam, não revoluniconar, mas no mínimo serem ouvidos e considerados. A cúpula da escola se preocupa tanto com os centímetros a menos e com as cores da roupa do aluno e pouco com a educação. Não propicia a discussão das, regras, do currículo, dos objetivos da educação. Os estudantes além de serem vítimas do autoritarismo não tem nem acesso a biblioteca, porque esta teve que virar sala de aula não tem laboratório, porque este nunca teve estrutura e virou depósito; não tem se quer o acesso a uma quadra coberta para praticar exercícios; não tem quer livros ou cadeiras suficientes; os ventiladores estão quase caindo em suas cabeças e quando chove os estudantes são encharcados porque as paredes sõ inadequadas.
        A partir do momento que os pais e estudantes se conscientizarem da força que têm. Muita coisa pode mudar. Não fique surpresa a direção da escola quando a promotoria pública instaurar um processo contra ela por constrager um estudante menor ou privá-lo de assistir aula por um simples rasgado ou colorido na roupa. Não fique surpreso o diretor, vigia ou coordenador que receber a sentença de ter de comprar o uniforme do aluno, já que os mesmos obrigam o uso mas a escola não oferece gratuitamente.
      Na universidade aprende-se que o educador deve considerar a realidade do estudante, deve ser tolerante e tentar compreendê-lo. Porém na prática, como este pretenso educador desconsidera a realidade do estudante, é intolerante e nem procura compreendê-lo. 
           Certa vez (já este caso não é desta escola) uma aluna foi vítima de Buling na escola: colocaram chiclete em sua cadeira o que acabou por estragar a sua única roupa de uniforme. No dia seguinte a estudante foi constrangida por estar sem uniforme, sem ao menos ser perguntada do porquê de assim estar. O sociólogo Edgar Morin nos alerta que devemos olhar o ser humano em sua multidimencionalidade. Só assim podemos entendê-lo melhor. Devemos olhar uns aos outros de maneira humanizadora.
É argumento dos conservadores que o estudante deve usar obrigatoriamente o uniforme, pois em toda instituições existem regras formais relacionada a vestuário… Pois bem, recentemente um magistrado foi condenado pela própria justiça a pagar indenização ao agricultor por se recusar a atendê-lo por estar vestido com bermuda e sandálias. Será que não corremos o risco de sermos barrados da escola por usarmos até adornos ou barba como ocorreu com os funcionários do Banco Bradesco1.
Vivemos em uma democracia e não em uma “vigiocracia”… No sentido amplo da palavra: quando todos vigiam todos e sensuram a roupa um do outro. E no sentido rstrito: quando a escola terceiriza a gestão, deixando na mão de alguns vigias despreparados e autoritários a decisão última de quem entra e não entra na escola.
Como dizia Marx“tudo que é sólido se dissolve no ar”. Não queremos mais uma escola desfigurada, com a cara só de professores, coordenadores e gestores. Uma escola autoritária, incompreensiva e burocratizadora das relações. Uma escola que quer homogeizar os estudante desrespeitando a sua diversidade (inclusive seu jeto de falar) e desprezando a sua opinião. Uma eescola que quer ensinar palavras ao invés de estimular o estudante a dizer qual é a sua palavra.
Ou a direção da escola ouve toda a comunidade escolar ou pode chegar o dia em que os estudantes se utilizem de violência tanto o quanto são violentados real e simbolicamente, assim como fezeram os burgueses e camponeses contra o domínio da nobreza na ocasião da Revolução Francesa no século XVIII - sendo o nosso atual regime democrático decorrente deste processo.
Portanto, abaixo os cadiados, abaixo o autoritarismo, abaixo o puritanismo. Por outro lado, viva a liberdade! Viva a democracia! E viva a esperança de dias melhores para a nossa tão sofrida, estigmatizadora e estigmatizada educação…


Referências
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: como é e como se faz. 52ª ed. São Paulo: Loyola, 2009.

BRASIL. Manifesto dos pioneiros da Educação Nova (1932) e dos educadores (1959). (Col. Educadores). Recife: Masangana,2010.

FREIRE, Paulo. A pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. São Paulo:Expressão Popular, 2008.

MEIRELES, Cecília. O espírito victorioso. In: LÔBO, Yolanda. (Col. Educadores). Recife: Masangana,2010.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessário para a educação do futuro. 2. ed. – São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, 2000.

OLIVEIRA, Marcos Marques. Florestan Fernandes. (Col. Educadores). Recife: Masangana,2010.

1Fonte: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2010/09/24/e-se-fosse-proibido-usar-barba-e-bigode-no-trabalho/.
Obs: Quem quiser baixar o texto em PDF clique no link abaixo.
Obs: Aqui abaixo está o link do texto produzido pelo aluno que foi injustamente barrado no portão. A redação traz como tema: Qual é a sua palavra.

    
 Curtam a música da banda inglesa Pink Floyd e reflitam sobre a educação conservadora.
 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Textos de Filosofia 3º Ano / 2017

   De acordo com o meu planejamento, os textos do 3º ano serão textos mais curtos, diversificados e livres, com o objetivo de favorecer o debate, uma vez que neste estágio da vida escolar estão mais maduros.
   A revista Mundo Jovem traz excelentes textos, produzidos por enganjados acadêmicos e dentre as várias sesões que têm, traz também um espaço para a filosofia.
   Trago aqui um repertório de textos que serão utilizados em todos os bimestres. Conforme o ritimo vou acrescentando mais textos. Lembrando que no 4º bimestre planejei trabalhar um tema livre, conforme a orientação curricular sugere, que seria a questão da sexualidade, e que certamente envolverão outros textos que disponibilazarei em outra postagem no momento adequado.

Boa leitura e boa reflexão!

Pessoas Invisíveis na sociedade. E o ser?

Afinal, o que é a verdade?

Violência e banalização do mal

O ser humano como ser político

Ética na comunicação

Para alcançar a liberdade / Snowden: Combatendo a antidemocracia

O que é ética?

O que é moral?

Ética, moral e direito

Textos de Filosofia / 2º Ano / 1º Bimestre

    O livro tem uma organização e escrita razoável, mas é o único que temos. Se der tempo de trabalharmos outro tema neste 1º bimestre, atualizarei esta postagem acrescentando mais um texto.

Boa leitura!


Natureza e cultura: Determinismo e liberdade

Texto de Sociologia / 1º Ano / 1º Bimestre

     Livro muito bom, escrito por três excelentes e bem formadas professoras. Traz uma linguagem bem acessível ao estudante do ensino médio e abordagens de questões atuais à luz de grandes autores da Sociologia.

Atenção: Vamos ler tudo e trabalhar atividades em sala de acordo com que o tempo nos permitir. A prova do 1º bimestre terá este texto como referência.

Boa Leitura!

Cap. I. Introdução à Sociologia

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Qual é a sua palavra?

      Há duas semanas atrás trabalhei esta atividade em sala de aula, baseada no livro A pedagogia do oprimido, de Paulo Freire. Trago aqui para commpartilhar a experiência.
    " Alfabetizar-se (e construir conhecimento) não é aprender repetir palavras, mas a dizer a sua palavra, criadora de cultura (...). E o princípio deste método de aprendizado, fundam toda a pedagogia, desde a alfabetização até os mais altos nívei do labor universitário. "

Prof. Ernani Maria Fiori

Faça uma redação expressando qual é a sua palavra.

Qual é a palavra com a qual você mais se identifica? 
Qual o porquê?
O que ela significa (no geral e no particular)? 

 










sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Textos Filosofia / 1º Ano / 1º Bimestre



     Apresento a vocês um conjunto de textos essencial para a compreensão dos elementos e práticas fundamentais da Filosofia como a dúvida, o diálogo, e a desnaturalização do cotidiano. O terceiro texto é uma explosão de estímulo para o despertar da consciência para a busca da autonomia do indivíduo. O quarto texto procura traçar uma trajetória do conhecimento, mostrando as dimensões do conhecimento dentro de uma perspectiva não hierárquica. 
      Trabalharemos estes textos com leitura e atividades a cada semana nesta mesma sequência.
      Baixe no seu celular e compartilhe, via bluetooth ou share it, com os colegas que não têm acesso a internet. Abraço fraterno.
1. O benefício da dúvida - Ferreira Gullar

2. A filosofia e o cotidiano - Ruben Angulo


4. Conhecendo o conhecimento - Marcos Carmo de Almeida






quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

A língua e sua transdisciplinaridade


     Apresento o texto da Drª Regina Leitão Ungaretti: A língua e as diferentes áreas do conhecimento. Este texto trata da transdisciplinaridade da língua, dentro da perspectiva da linguística.
   O objetivo desta leitura é fazer o aluno perceber que a leitura e a escrita são os fundamentos da educação formal e que, mais do que apreendermos ideias ou perspectivas teóricas, é importante dominarmos os instrumentos da escrita e trabalhá-la cotidianamente de forma criativa e funcional.

Para todas as séries de Filosofia e Sociologia.

Clique no link abaixo para acessar o texto:

A língua e as diferentes áreas do conhecimento

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Planejamento


    Olá estudantes de Filosofia e Sociologia... Aqui, nos links abaixo, vocês poderão baixar o planejamento que produzi nas duas últimas semanas de férias. Constam também os conteúdos programáticos de cada série para que acompanhem. Espero que gostem...



Conteúdo programático de Sociologia

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Novo formato do blog


Olá amigos e amigas que acompanharam meu blog de 2012 até hoje, apesar de que em 2016 nada publiquei aqui.
Comecei o blog no período de minha campanha à vereador em 2012. Depois usei-o como instrumento de divulgação das minhas atividades políticas no parlamento, no partido (PC do B) e nas comunidades.
No ano de 2016 decidi não concorrer novamente ao cargo para me dedicar mais à docência, ao estudo e à família. Porém, não quis criar outro blog. Permaneci com o mesmo, adaptei-o e os arquivos antigos continuarão, pois marcam parte de minha trajetória e acúmulo de experiências.
Utilizarei o blog como suporte para as aulas que serão construídas juntamente com os estudantes de Filosofia e Sociologia. Estarão disponíveis aqui: Planejamentos, Conteúdos programáticos, textos (alguns de minha autoria) e outros materiais.
Do início do blog até esta transição haviam visitado cerca de 9.500 pessoas. Dei continuidade à contagem, com a diferença de que a cada clique de postagem, contará uma visita.

Espero que dê tudo certo. Abraço a tod@s!