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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Je ne suis pas Charlie (Eu não sou Charlie)


    Eu não sou Charlie porque não apoio a postura do Jornal francês Charlie Hebdo. É claro que dificilmente um ocidental cristão irá aprovar o assassinato dos 12 cartunistas ocorrido na França no dia 07 de janeiro de 2015, como eu também não aprovo. Porém, sem receio algum afirmo que não lamento profundamente o assassinato como se fosse um atentado contra inocentes e contra a liberdade de expressão. https://leonardoboff.wordpress.com/2015/01/10/eu-nao-sou-charlie-je-ne-suis-pas-charlie/.
      Em reportagem no programa da TV Globo: Fantástico, exibido no dia 11 de Janeiro de 2015, o jornalista Tadeu Schmidt com um ar de pureza e inocência faz o seguinte questionamento: "Como podem simples desenhos causar tanto ódio, tanta revolta?" http://g1.globo.com/fantastico/index.html. Basta você fazer uma rápida pesquisa no google imagens para constatar o quanto passava dos limites do bom senso as capas do jornal, principalmente no que se refere a religião, tanto islâmica quanto cristã.
    Na primeira charge aparece um muçulmano segurando o livro sagrado do Islã dizendo: "Alcorão de merda, não é a prova de balas". Na segunda estampa a capa do jornal uma caricatura que representa Maomé dando beijo ardente na boca do cartunista editor do jornal, tendo acima o título "o amor é mais forte que o ódio". Na terceira charge o extremo: desenhar a caricatura de representação do profeta Maomé totalmente despido e curvado expondo as  partes íntimas.
       Na rígida tradição da fé islâmica não se pode de forma alguma retratar Maomé em pinturas, desenhos, estátuas e até mesmo filme, tanto pelo fato de ele ter sido o grande profeta da religião, quanto pelo fato de não praticarem a idolatria. Imaginemos então o quanto não deve ser ofensivo ter o profeta Maomé retratado com tanto desrespeito e desprezo nas insistentes e cada vez mais provocadoras charges produzidas pelo jornal.
      Mostrado estas charges aos desavisados telespectadores da Tv Globo talvez possa fazê-los pensar; "É... realmente são desrespeitosas e provocadoras essas charges, mas nada que justifique a violência". Porém não sei como se sentiriam vendo a próxima charge que ultraja o cristianismo.

      Além de atacar judeus e islâmicos, o jornal Charlie Hebdo ataca o cristianismo de uma forma tão extrema quanto inimaginável, que faltam adjetivos para censurar tal despropósito.
       Para um cristão essa imagem é tão chocante que penso que nunca deveria ter sido feita. Tanto que não me sinto a vontade de publicá-la no meu blog, porém creio que tenho o dever de expressar minha opinião de repúdio ao comportamento insano do jornal Charlie Hebdo. Ainda mais quando grande parte da verdade está oculta nos grandes jornais, revistas e empresas de televisão. Em nenhum momento os jornais se quer falam/descrevem o teor grosseiro, antirreligioso e intolerante destas charges, carregadas de preconceitos de toda ordem desfaçados de humor e de causa da liberdade de expressão.
        Ter a liberdade de expressão não inclui ter o direito de ofender constante e incisivamente um povo, uma cultura, uma religião, seus profetas e seus deuses. Se jornalistas travestidos de libertários, xenófobos e políticos de extrema direita dizem não aceitarem a islamização do ocidente (isso sim é uma piada pela ironia de tal afirmação) como querem estes impor a banalização da religião islâmica no mundo. 
          O fato de ser ateu não quer dizer que este mesmo ateu não deva reconhecer o direito do outro crer em um supremo criador, profetas e todo um sistema religioso. Pois o mesmo direito que o ateu deve dar ao indivíduo de crê em Deus e viver de acordo com  uma doutrina religiosa, é o mesmo que garantirá a sí o direito de não crer nesse mesmo Deus e viver de acordo com suas conveniências.
       Fala-se tanto nos jornais que de acordo com recentes pesquisas realizadas entre franceses, ingleses e pessoas de outros países imperialistas europeus, mais da metade acredita que o Islã é incompatível com o mundo ocidental http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/01/visao-do-isla-na-europa-e-uma-dificil-questao-politica-cultural-e-social.html. Parte do povo inglês, francês e alemão se preocupa com o crescente número de muçulmanos que migraram e migram cada vez mais para estes países. "Temem" a descaracterização de suas culturas. Ora, não são estes mesmos imigrantes oriundos exatamente dos países que em um curto período do passado foram invadidos, explorados e saqueados por tais países europeus. Portanto, certamente não é uma mesquita, um turbante ou um prato árabe que vão destruir a França. O que destrói um país é a escravidão, a exploração da natureza e a violência da cruzada ocidental em nome, ontem de Cristo, hoje do desenvolvimento.     
       A comunidade islâmica (que não são as organizações extremistas) buscou os meios democráticos para pôr limites ao jornal, porém perderam a causa. Com isso o jornal ganhou passe livre para extrapolar os achincalhamentos. Quando partidos de extrema direita e parte da sociedade francesa demonstra temer a descaracterização de sua cultura, na verdade estão buscando uma justificativa para oprimir ainda mais os imigrantes pobre, negros e muçulmanos: discriminando-os e até mesmo os matando nos guetos da periferia como hora e outra vemos, sendo o autor a polícia.
        O atentado ao Jornal francês não foi um ataque contra a liberdade de expressão ou de imprensa, foi um ataque de radicais árabes contra intolerantes ocidentais. Uma coisa é criticar, satirizar. Outra coisa é achincalhar. Não é uma questão de liberdade de imprensa... é muito mais amplo, é uma questão política. Fazer o que o Charlie Hebdo fez, mais do que um aparente obsessão inexplicável, também cumpre o papel de dizer  "muçulmanos vocês não são bem vindos na Europa, aqui é assim: ou aguenta ou vai embora". É uma forma de bullying contra todo um povo. E não adianta justificar que as charges se direcionavam apenas aos extremistas, pois Maomé e Alá são o profeta e o Deus tanto para estes, quanto para o simples muçulmano que vive o seu cotidiano com simplicidade e que não acredita na política das armas e das bombas. As charges, de tanto retratar constantemente o muçulmano com armas e bombas, acaba fazendo com que as pessoas associem todo muçulmano a um homem-bomba. Seria o mesmo que fazer constantemente charges de norte-americanos com um hambúrguer do McDonald's em uma mão e na outra um fuzil do exercito estadunidense.
      Grande parte dos europeus e norte-americanos, brancos e ricos não perderam a mania de acharem que seus propósitos são os únicos corretos, dignos de mobilização mundial e também de acharem que suas vidas valem mais do que a de um asiático, um negro, um pobre, uma criança palestina.
         Claro que lamentamos pelas vidas ceifadas no ataque do World Trade Center ou nas estações de metrô de Londres. E quando um atentado desses ocorre o mundo inteiro fica de luto... até no Brasil pessoas choram, ascendem velas, dão depoimentos emocionados. Mas porque as lágrimas só caem quando morrem franceses, ingleses ou norte-americanos? Qual foi a condenação dos EUA pelo maior ataque terrorista do planeta: as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki que mataram mais de 150 mil civis inocentes? Qual a condenação aos EUA pelos crimes de guerra cometidos contra civis? Uma guerra de invasão norte-americana que em 10 anos matou mais de seis milhões de pessoas.

        
      Por que não é atentado à liberdade de imprensa quando o Estado norte-americano por meio de seu poderio militar assassina os jornalistas fotógrafos recém-contratados da Reuters Saeed Chmagh e Namir Noor-Edeen? Talvez por serem iraquianos, apesar de serem formalmente da Reuters.
    Por que as lágrimas não caem e não há revolta mundial contagiante quando os sádicos e psicopatas soldados e generais norte-americanos fuzilam crianças iraquianas e depois de se darem conta do que fizeram tiveram a coragem de não prestar socorro para elas no hospital da base militar, com maiores recursos, entregando-as a polícia local para que em seguida fosse levada a um precário hospital iraquiano.
       Os soldados norte-americanos ignorantes, torturadores (como vimos no estopim de Abu Ghraib) e sedentos por sangue, pedem como adolescentes petulantes permissão para atirar em um grupo de pessoas que estava reunido na rua, simplesmente. Abaixo vocês verão as imagens destes brutais assassinatos publicado pelo Wikileaks e escondido pela grande mídia. Esse vídeo foi vazado pelo ex-analista militar Bradley Manning de, na época, 23 anos. Resultado: Julian Assange, criador do Wikileaks está refugiado no Equador e Bradley Manning está preso e foi condenado a 35 anos de prisão. 
       Nos casos do Iraque em 2007 nem comoção pelo assassinato dos jornalistas, civis e crianças iraquianas, nem tampouco a liberdade de imprensa para mostrar para o mundo o terrorismo de estado estadunidense contra inocentes. Portanto: Je ne suis pas Charlie.
          









sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Vereadora do PC do B toma posse como presidenta da câmara em Ipixuna-PA.

     No dia 07 de Janeiro de 2014 a vereadora Maéllen Duarte toma posse como a primeira mulher presidenta do poder legislativo em Ipixuna do Pará no decorrer dos seus 23 anos de emancipação do município de São Domingos do Capim.
     Maéllen Duarte é educadora, reside no distrito de Canaã, na beira do Rio Capim, distando 100 km da sede do município, tem forte atuação junto às comunidades, principalmente nas áreas da educação, do esporte, da assistência social e no apoio a movimentos religiosos.
   O PC do B fez história mais uma vez em Ipixuna do Pará, pois em 2012 teve a camarada Rosilene Ribeiro como a primeira mulher a se eleger como vice-prefeita no município. Na ocasião deste mesmo ano o partido elegeu três vereadores: Marquinho, Maéllen Duarte e Claudenor Alves (Cacau), este o vereador mais votado entre os 11 eleitos.
  O fato de termos mulheres na condução dos principais poderes políticos do nosso município é importante para o povo, não apenas pelo símbolo, mas também e principalmente pelo fato de ser a concretização do empoderamento das mulheres. Empoderamento de mulheres que compõem o Partido Comunista do Brasil, que traz a compreensão da indissociabilidade entre a emancipação do povo do julgo da exploração e da emancipação da mulher da persistente opressão discursiva e prática da superioridade masculina, seja esta opressão duramente explícita ou "despretensiosamente" sutil. Empoderamento este que traz importantes resultados para a sociedade uma vez que são qualidades inerentes das mulheres: a organização e o cuidado.
   A posse da nova presidenta foi bastante prestigiada com a presença de autoridades do executivo; dirigentes religiosos, sindicais, de associações; professores e grande público. O evento contou com a destacada presença do presidente estadual do PC do B do Pará Jorge Panzera e do deputado estadual eleito em 2014 Lélio Costa.




Ver. Marquinho, Jorge Panzera, Ver. Maéllem, Dep. Lélio Costa, Ver. Cacau.
Ex-vereadora e Vice-prefeita Rosilene Ribeiro.

    

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O povo do Maracaxí a um passo da conquista da terra!

    Depois fazer 72 postagens em 2012 e 54 em 2013, em 2014 até o momento tinha feito apenas uma publicação em janeiro. Muita coisa importante aconteceu, mas vou escrever em cinco textos (este sendo o quinto) o que vejo necessário destacar.
    Em Janeiro publiquei: A Luta Pela Terra no Maracaxí http://marquinhodeipixuna.blogspot.com.br/2014/01/a-luta-pela-terra-no-maracaxi.html. O povo desta área (em específico a alegada fazenda são Joaquim) luta pelo direito de viver e produzir naquele lugar desde aproximadamente o ano de 2000 quando em meados desta década este conflito foi parar nos tribunais.
    Em 2013 houve uma reintegração de posse, exceto de 11 famílias que haviam recebido uma documentação da Superintendência do Patrimônio da União. Como o processo de regularização de terras ribeirinhas ainda estava em curso,mais 40 famílias receberam esta documentação. Feito isto, entramos na justiça com uma petição apelando à vara agrária que desse às 40 famílias o mesmo direito das 11 em permanecer na área. alegamos ainda litigância de má fé dos requerentes, uma vez que descobrimos que os pontos geográficos da certidão do fazendeiro distam 20 km da área do Maracaxí a qual alega ser sua.
   No meio do ano de 2014 os trabalhadores foram chamados para audiência, onde novo advogado da FETAGRI (agora totalmente bem informado acerca do conflito) fez uma serena mas firme defesa dos trabalhadores.
   Pra nossa surpresa em setembro a reintegração de posse ao fazendeiro foi novamente determinada pela justiça. Dois dias antes de seu cumprimento corri para Belém juntamente com um companheiro da área para compreendermos esta repentina decisão e tentar revertê-la. Chegamos em Belém no início da madrugada. Estávamos tensos, porém de manhã tivemos a felicidade de ver publicada a decisão que suspendia a reintegração de posse e reconhecia a validade de todos os documentos de terras da SPU em favor dos trabalhadores rurais ribeirinhos. A decisão final depende agora do relatório decisivo do SIGEO (órgão técnico do tribunal) e bem como a manifestação da SPU no processo quando forem oficiados especificamente.  http://177.125.100.110/relatorios/relatorioDocumentoLibra?cddocumento=20140298875491&cdinstancia=1.
Em breve comemoraremos esta vitória do povo!


Barracão da associação.

Ao fundo uma bela roça de mandioca.

No final da reunião sempre tem um delicioso e farto almoço.