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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O que é e como é o racismo


O que é e como é o racismo

Prof.° Marcos Carmo de Almeida

Segundo a definição do Wikipédia “racismo consiste no preconceito e na discriminação com base em percepções sociais baseadas em diferenças biológicas entre os povos. Muitas vezes toma a forma de ações sociais, práticas ou crenças, ou sistemas políticos que consideram que diferentes raças devem ser classificadas como inerentemente superiores”. Diante desta definição podemos fazer um autoquestionamento que ao mesmo tempo que é filosófico, é de teor cultural, social e político: nós (que estamos lendo este texto agora) somos racistas. Provavelmente diremos que não e que o racismo é um absurdo.
Pois bem... certa vez me contaram “Deus criou os seres humanos fez como se fosse um padeiro assando pães...modelando o corpo e o rosto como se fosse uma massa e em seguida os colocava no forno. Depois de várias fornadas... a última queimou e daí surgiram os negros. Deus teria se irritado com o acontecido e por isso como reação impulsiva deu um soco no nariz de um deles. O que fez com que o nariz ficasse achatado. Passados alguns segundos se arrependeu o consolou fazendo um cafuné na cabeça. Surge aí o cabelo enrolado do negro.” Se a sua reação é sorrir...você é racista. Alguns alunos dizem: “não professor, eu sorri porque a piada é engraçada”. E mais uma vez entra a indagação radical da filosofia: Por que que esta piada é engraçada?
Outra provocação que faço aos alunos se dá quando escrevo no quadro a frase: “Ele é preto, mas é muito competente”, e em seguida peço para que eles indiquem em qual palavra da frase eles acreditam que está contido o racismo. Para minha não surpresa quase que a totalidade de cada turma aponta a palavra preto como sendo racista. E para a surpresa desta quase totalidade tenho que informar que quem acredita que o racismo está na palavra preto, na verdade, está tendo um comportamento racista mesmo sem se dar conta disto.
Respondendo a primeira provocação: Por que a piada que fala de como surgiu o negro é engraçada? Porque dá vazão a um sentimento fruto de uma ideologia racista disseminada por séculos no mundo e em nosso país. Dá vazão ao sentimento de achar que o negro é inferior ao branco, coisa que com bem menos frequência acontece de forma direta e séria. Portanto a piada, o sarcasmo e o escárnio é a maneira mais fácil de propagar o racismo, pois ganha o ar de brincadeira.
Respondendo a segunda provocação: é obvio que o racismo está contido na palavra “mas”, pois se trata de um conectivo adversativo que no contexto da frase diz indiretamente que todos os negros são incompetentes, já que aquele negro da frase “é um negro diferenciado” que se destaca dos demais, já que sua competência vem precedida do “mas”, esta palavrinha que parece tão inocente, todavia tão perversa, quando utilizada desta maneira. E assim o racismo vai se proliferando quase que imperceptível.
Se algumas das principais tarefas da filosofia no ensino médio é despertar a consciência crítica no estudante e colaborar para a formação cidadã e, dentro desta perspectiva, se quisermos combater o racismo, temos primeiro que saber o que é o racismo, suas causas, consequências e formas. Se referir a alguém como preto não é racismo! Porém é racismo se referir a alguém descrevendo-o como preto e associando inerentemente o preto a coisas negativas, como observamos em expressões do tipo: “preto macaco”; “preto urubu”; “só podia ser serviço de preto para sair mal feito”; “todo preto é saliente”; “o preto quando não caga na entrada, caga na saída”. É quase que inevitável citar estes exemplos na sala de aula sem que não se arranque risos e até abruptas gargalhadas por parte dos alunos.
Dentro do debate alguns alunos dizem que tem muitos negros que se sentem ofendidos se forem referidos como negros ou pretos. Mas é necessário falar que o negro que não quer ser referido como negro é duas vezes vítima da perversa ideologia do racismo. Pois a maior perversidade do racismo é incutir na cabeça da sociedade e do próprio negro que a palavra negro ou preto por sí só já soa como algo negativo. Mas esta situação mesmo que complexa, deve ser exposta, enfrentada, compreendida e superada.

Existe raça entre os humanos?

Biologicamente não existem raças entre os seres humanos. A ciência nos mostra que as mínimas diferenças genéticas entre um ser humano e outro, não são suficientes para determinar diferentes raças.           
Uma só raça
 É claro que entre um senegalês, um cambojano e um italiano existem, evidentemente, diferenças físicas visíveis: cor da pele e dos olhos, tamanho, textura dos cabelos etc. Mas hoje em dia já sabemos que o patrimônio genético dos três é extremamente próximo. A descoberta dos grupos sanguíneos, da variação das enzimas, das sequências de DNA, dos anticorpos e tantas outras, puseram em evidencia o parentesco dos homens entre si, assim como sua extraordinária diversidade. Uma combinação de genes, frequente numa população e rara em outra, é, assim mesmo, potencialmente presente em toda parte.
A comprovação se deu em 2002, quando uma equipe de sete pesquisadores dos Estados Unidos, França e Rússia comparou 377 partes do DNA de 1056 pessoas originárias de 52 populações de todos os continentes. O resultado mostrou que entre 93% e 95% da diferença genética entre os humanos é encontrada nos indivíduos de um mesmo grupo e a diversidade entre as populações é responsável por 3% a 5%. Ou seja, dependendo do caso, o genoma de um africano pode ter mais semelhanças com o de um norueguês do que com alguém de sua própria cidade na África! O estudo também mostrou que não existem genes exclusivos de uma população, nem grupos em que todos os membros tenham a mesma variação genética.  

Pensemos um pouco... quando empregado a animais, para que serve o termo raça? Serve para diferenciar e classificar. Fazer isso no sentido de dizer “esta raça é boa e esta é ruim”. Se entre os animais o termo raça serve para classificar e determinar o melhor e o pior, seria diferente função da palavra raça entre os seres humanos? A partir disto pode-se gerar o seguinte sofisma: Se não há raça, não há racismo. Pode parecer lógico, porém seria o mesmo que dizer que se não existe Emília, Narizinho e companhia, não existiu Monteiro Lobato. Ou seja não existe raça entre os humanos, mas existe o racista que a qualquer custo quer fazer com que a raça entre humanos exista, para que assim a sociedade possa assimilar, mesmo que indiretamente, a inerente ideia de raça boa e da raça ruim.
É evidente que observamos que há diferenças entre os povos e a cada povo podemos chamar, ao invés de raça, de etnia que significa basicamente: um grupo de indivíduos que apresentam características biológicas e culturais semelhantes.
Quando lemos em jornais ou livros de história, sociologia ou até mesmo filosofia, termos como raça branca, raça negra, conflito racial e outros derivados, certamente trata-se de um infeliz equívoco de concepção desses atores. A nossa capacidade crítica deve transcender a triste tendência de tomarmos como verdade ou comum tudo aquilo que lemos nos jornais e livros.

A origem do racismo no Brasil

Considerando a grande trajetória da história da humanidade, podemos dizer que a escravidão negra no Brasil foi ontem, pois a abolição oficial ocorreu em 1888, sendo o último país da América a realizar este ato. Ou seja, poucas gerações antes a nossa vivenciaram o período da escravidão. Desta feita, recordemos a trajetória do povo negro no Brasil que pra cá veio sequestrado do continente africano para ser escravizado por quase três séculos.
Em meados do século XIX, os senhores donos de terra antevendo o inevitável dia em que prosperaria o movimento abolicionista culminaria na libertação do escravo, em 1850 trataram de promover a criação da Lei de Terras que consistia na determinação de que ninguém poderia possuir terra pública (que imaginamos naquela época haver em abundância) sem pagar ao governo. Em 1888 o negro foi liberto, mas o que estava reservado a ele se não a marginalização?
Na passagem do século XIX para o XX, os senhores donos de grandes plantações e de pequenas indústrias preferiram contratar mão de obra branca estrangeira do que contratar o negro. O próprio governo arquitetou e executou a propaganda e a imigração dos europeus pobres fugidos dos conflitos bélicos e das crises econômicas estabelecidos naquele continente. Por traz desta política de imigração promovida pelo Estado brasileiro existe uma motivação e uma estratégia pautada em uma ideia que seria cómica se não fosse trágica pelo mal que faz se implantar na sociedade brasileira. Esta ideia se apresenta como “teoria do branqueamento” que consiste na crença de que o Brasil daquela época não “evoluía” porque aqui havia uma grande mistura dos povos sendo a maioria de pele escura. Portanto seria necessário trazer europeus de pele branca para que com o intercruzamento genético e com o passar do tempo a população brasileira passasse por um processo de branqueamento e consequentemente por um processo de evolução.
Na esteira da herança de tudo isso se sustenta o racismo no Brasil até os dias de hoje. Por isso até hoje sofre o povo negro com a marginalização. Por isso os movimentos negros do mundo e do Brasil utilizam-se das cotas nas universidades como meio de ampliar o número de negros neste ambiente, que certamente reflete na ampliação da presença do negro no mercado de trabalho, no judiciário e na política. Por que antes da política de cotas, muito raramente se encontrava negros nos cursos de direito e medicina? O problema não está na porta da universidade, pois esta se abre a todos sem distinção. O problema está na trajetória do negro até chegar à porta da universidade. Portanto se antes raramente se via um negro em curso de direito ou medicina, a política de cotas garante esta presença como forma transitória e pontual de reparar a dívida histórica que o estado brasileiro e boa parcela da sociedade tem com os negros.

Os significados da cor morena

Muitas pessoas preferem se referir ao negro como moreno. E qual o porquê disto? Já vimos parágrafos acima esta é uma prática racista inconsciente, pois o indivíduo que se refere ao negro por moreno faz isto por temer ofender ou achar que é ofensivo chamar de negro ou preto.
Para não soar como exagero é admissível pensar que no nosso país que por conta da mixigenação gerou brasileiros de cores tão diversas e variadas. Se, por exemplo colocarmos lado a lado cem brasileiros, cem tons de pele serão identificados, talvez, inclusive o tal moreno. Porém declarar-se negro é uma questão política, uma tomada de posição e um gesto de etinicidade. Foi este gesto que percebi no personagem de uma piada que um amigo meu me contou e com a qual finalizo este texto: “dez moleques negros caminhavam pela praia faceiramente quando toparam numa lâmpada mágica. Dali saiu um gênio que ofereceu a cada um dos moleques a realização de um único desejo. O primeiro pediu para se tornar branco, o segundo pediu a mesma coisa, assim como os demais até chegar no nono menino. O décimo moleque ficou olhando a todos sorridentemente quando gênio o interrompe e pergunta: - Ô menino, tá sorrindo por que? Não vai fazer seu pedido? - Vou sim... o meu pedido é que todos os outros moleques voltem a serem negros imediatamente.”
Atividade
1.    O que é o racismo e por que sua manifestação travestida de humor é eficaz em disseminá-lo?
2.    Por que não é adequado atribuir o termo raça entre os seres humanos no sentido biológico e político?
3.    O que é etnia? O que é etnocentrismo em como ele se manifesta?
4.    Faça a análise da frase que será transcrita em seguida, indicando porque ela está impregnada de racismo. Eis a frase: “Apesar de ele ser preto é uma honesta e trabalhadora?” 

terça-feira, 21 de abril de 2015

Vereadores fazem visita surpresa à postos de saúde em Ipixuna


     Na manhã do dia 9 de Abril de 2015, os Vereadores Railton, Eloi, Jandson e Marquinho fizeram uma visita surpresa às unidades de saúde e constataram aquilo que a população já vinha denunciando com frequência: Falta de remédios na farmácia básica, falta de luvas e inclusive falta de agulhas de algumas especificidades. 

     Durante a visita vários pacientes mostraram solicitação de exames, junto a comprovantes de que eles próprios pagaram pelos exames, uma vez que a prefeitura suspendeu a oferta deste serviço há quatro meses.
     Visitamos o posto de saúde do centro, o almoxarifado da saúde, o PSF do centro, uma unidade de saúde improvisada no Distrito do Novo Horizonte e um PSF. Nesta última visita agentes do governo executivo solicitaram a interrupção das visitas alegando (ironicamente) que deveríamos ter agendado a fiscalização e que não poderíamos fotografar as farmácias. Como nossa visita foi satisfatória e já tínhamos colhido bastante informações e fotos, cessamos as visitas.
    O objetivo da nossa ação foi cumprir com o nosso papel de fiscalizador e de zelador dos direitos e do bem estar do povo. Ao final da visita conversamos com o secretário de saúde e ele nos garantiu que a partir da semana que vem os exames voltarão a serem pagos pela prefeitura, bem como garantiu que as farmácias serão abastecidas. 

    Estamos de olho e firmes na cobrança dos direitos do povo!






Flagrante: Paciente procura Nimesulida, mas a prateleira está vazia.



















Greve da comunidade escolar da rede estadual.

 No final de março de 2015 os professores da rede estadual entraram em greve. Mas não só os professores, mas toda a comunidade escolar.
        A principal reivindicação é reforma ampliação e construção de escolas. Fazemos aulas com turmas de 50 ou mais alunos, quando a sala comporta apenas 30. No caso de Ipixuna temos um déficit de mais de 20 salas de aula, o que é o número aproximado de salas que o município empresta ao Estado.
         Outro fator grave foi a portaria de redução de carga horária do professor que só pode ter 150 horas em classe. O governo do Estado diz que esta medida é para dar melhor qualidade de vida ao professor e mais tempo para preparar as aulas. Porém o grande problema é que a maioria dos professores tem 250 ou 280 horas em classe, ou seja, o governo está tirado de 100 a 150 horas de trabalho em classe do professor e os alunos estão ficando sem aula. Se um professor dava aula para 28 turmas, com a portaria, só pode dar aula para quinze, ficando sem aula 13 turmas em cada disciplina. O professor está disponível, mas não pode dar aula. Somos a favor da redução de carga horária, contanto que o governo faça concurso público.
         Participaram da caminhada alunos, professores, pais e a direção do SINTEPP. Isso a TV Liberal (afiliada da rede globo) não mostra. A greve é uma das maiores da história. Mais de 111 municípios aderem. Toda semana tem manifestações e bloqueio de estrada em vários municípios.
         O comando de greve de Ipixuna quer que o governo assine um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) junto ao Ministério Público para se comprometer, dentro de um razoável determinado tempo para reformar, ampliar e construir as escolas que precisamos.
         Venceremos!


















     

segunda-feira, 20 de abril de 2015

93 Anos do PC do B!


     Nos dias 10 e 11 de Abril comemoramos em Ipixuna do Pará os 93 anos do nosso querido Partido Comunista do Brasil!
    Contamos com as presenças ilustres do Deputado petista Carlos Bordalo, do Presidente do PT local, o Vereador Jandson Magalhães, o ex-prefeito Evaldo Cunha, Deputado Comunista Lélio Costa, Vereadora Comunista de Belém Sandra Batista, Presidente Estadual do PC do B Jorge Panzera, vereadores comunistas de Ipixuna (Marquinho, Cacau e Maéllen), militância do PC do B, PT e muitos outros amigos.
     O primeiro momento foi um ato político na câmara municipal e no segundo dia foi realizada uma grande festa de confraternização no sítio Recanto da Paz.
     O nosso lema e grito de luta neste aniversário foi: Lutar e vencer! Viva o Povo de Ipixuna! Viva o PC do B!

segunda-feira, 9 de março de 2015

Vereadores do povo derrotam projeto do executivo de pedido de empréstimo!

Esta foi a nota explicativa que seis vereadores assinaram e divulgaram ao povo, esclarecendo os fatos a respeito da proposição do prefeito ao Legislativo.
                                                     
Nota Explicativa

Hoje Ipixuna do Pará vive um momento decisivo na sua trajetória político-social, pois o Prefeito Salvador Chamon, enviou o projeto de Lei nº 017/2014 ao Poder Legislativo, por meio do qual, segundo ele, pretende captar recursos para realizar alguns projetos de infraestruturas no município como: Recapeamento asfáltico de Ipixuna do Pará; drenagem e asfalto nos distritos Canaã e Novo Horizonte; conclusão da orla de Ipixuna do Pará; aquisição de ambulâncias e tratores; reformas de prédios públicos; etc... Para isso, o gestor necessita de dois terços, ou seja, 8 votos, para aprovar o tal Projeto de Lei.
Estamos aqui expressando nessa carta a vontade popular em rejeitar e repudiar esse Projeto de Lei. Portanto estes Vereadores vêm informar os reais motivos da não aprovação, por acreditarem que os recursos serão mal geridos, citando aqui alguns exemplos:
Obra
Local
Fonte
Valor Repassado
Situação
UPA
Ipixuna (Sede)
Gov. Federal
R$ 1.980.000,00
6 meses de atraso
Três UBS
J. Paulo/ R. Cunha/ Canaã
Gov. Federal
R$ 1.600.000,00
10 meses de atraso
Drenagem
Km 88
Prefeitura
Não informado
Inacabada
SIMAF
Km 88 / Enalco / Gleba 13
Prefeitura
R$ 36.000,00
Abandonado

Principais recursos arrecadados 2013/2014
Royaltys (Caulim)
Mais de R$ 9 milhões
ICMS
Mais de R$ 13 milhões
FPM
Mais de 39 milhões
Outras receitas
Mais de 1 milhão e meio
Educação
Mais de 53 milhões
Saúde
Mais de 23 milhões
Total
Mais de 140 milhões

O município não precisaria de empréstimo, pois o atual prefeito, com as demissões que fez, conseguiu reduzir a folha de pagamento para 54% do total do recurso que a prefeitura recebe, portando restando 46% de todo recurso para pagar outras despesas e também investir em obras. Porém devido a sua evidente má gestão, o município passa por diversos e graves problemas como: atraso de salário do funcionalismo; atraso ao pagamento de fornecedores; atraso ao aluguel de veículos; falta de remédio da farmácia básica, ambulâncias sucateadas; falta de merenda escolar; e corte de energia e telefone de prédios públicos. Conclusão: nem manutenção da máquina pública, nem obras.
Recordando da História recente dos gestores que passaram por este Município, vamos relembrar algumas obras executadas:
Antônio Araújo- Comprou Carros, ambulâncias, construiu pontes e estradas vicinais para as comunidades, fez o galpão do agricultor, dentre outras;
Zé Orlando- Construiu o prédio da Ação Social, da Prefeitura, da Escola Maria Pereira Freire, da Escola Antônio Marques, do Banpará, e ainda fez estradas, pontes e inúmeras outras obras.
Evaldo Cunha- Construiu o prédio do Terminal Rodoviário, do Centro Universitário, da Escola Antonina, do Banco do Brasil, fez eletrificação rural na Comunidade Quiandeua e São Pedro da Água Branca, varias ampliações de escolas, construções de escolas nas comunidades ribeirinhas, estradas, pontes, a frente da cidade e muitas outras obras.
O que todos têm em comum, apesar de terem administrado em épocas diferentes (com mais ou menos recursos), é que nenhum recorreu ou precisou solicitar empréstimos ou antecipação de receitas para executarem tais obras acima citadas. O último (Evaldo Cunha) parece ter feito um verdadeiro “milagre”, pois segundo o atual gestor, este executou suas obras com apenas 8% dos recursos, pois 92% estavam comprometido com a folha de pagamento.
O atual prefeito realizou demissões em massa; o fechamento da casa de apoio; a dispensa da locação dos 22 carros de saúde nas comunidades rurais; o corte das gratificações para funcionários que exercem funções especiais; a desativação de secretarias. Feito isto, é notório que há recursos suficientes para executar as obras essenciais e emergenciais do nosso município. Portanto, nós vereadores de responsabilidade, temos o dever de mostrar ao povo as verbas que nosso município recebe. O prefeito deve prestar contas junto à população, e explicar o porquê de priorizar recursos para montar grandes estruturas de FESTAS (que não é tão importante assim para os munícipes), e deixando a desejar nos serviços essenciais como SAÚDE, EDUCAÇÃO, SANEAMENTO, OBRAS E EMPREGOS.
Todos os prefeitos que já passaram pela gestão de Ipixuna deixaram sua marca em serviços e obras e nunca pediram empréstimo. Se o atual prefeito já teve a sua disposição, do início do seu mandato até agora, mais de R$ 145 milhões e não consegue cuidar do nosso município, não é um endividamento de R$ 20 milhões que vai ser a salvação. Pelo contrário, pode ser a perdição, pois o prefeito, ao final de seu mandato vai embora, mas a dívida ficaria... E provavelmente, junto com obras inacabadas e salários atrasados.

Temos a certeza de que esta nossa atitude é a mais fiel expressão das famílias ipixunenses que ajudaram a construir o nosso município, que tem amor por Ipixuna e que ainda têm a esperança de vê-la se erguer novamente.

Vereadores: Marquinho, Jandson, Rita, Eloi, Railton e Cacau.

Depois de dois adiamentos de sessão (um por manobra dos vereadores afinados com o executivo e outro a falta de segurança devido a boatos de quebra-quebra na câmara por parte dos poucos populares ligados ao governo que desejavam a aprovação do projeto) finalmente o projeto foi rejeitado pelos mesmos vereadores que assinaram a nota explicativa, fazendo o placar de 6 a 5. Eis o vídeo do meu discurso:


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Je ne suis pas Charlie (Eu não sou Charlie)


    Eu não sou Charlie porque não apoio a postura do Jornal francês Charlie Hebdo. É claro que dificilmente um ocidental cristão irá aprovar o assassinato dos 12 cartunistas ocorrido na França no dia 07 de janeiro de 2015, como eu também não aprovo. Porém, sem receio algum afirmo que não lamento profundamente o assassinato como se fosse um atentado contra inocentes e contra a liberdade de expressão. https://leonardoboff.wordpress.com/2015/01/10/eu-nao-sou-charlie-je-ne-suis-pas-charlie/.
      Em reportagem no programa da TV Globo: Fantástico, exibido no dia 11 de Janeiro de 2015, o jornalista Tadeu Schmidt com um ar de pureza e inocência faz o seguinte questionamento: "Como podem simples desenhos causar tanto ódio, tanta revolta?" http://g1.globo.com/fantastico/index.html. Basta você fazer uma rápida pesquisa no google imagens para constatar o quanto passava dos limites do bom senso as capas do jornal, principalmente no que se refere a religião, tanto islâmica quanto cristã.
    Na primeira charge aparece um muçulmano segurando o livro sagrado do Islã dizendo: "Alcorão de merda, não é a prova de balas". Na segunda estampa a capa do jornal uma caricatura que representa Maomé dando beijo ardente na boca do cartunista editor do jornal, tendo acima o título "o amor é mais forte que o ódio". Na terceira charge o extremo: desenhar a caricatura de representação do profeta Maomé totalmente despido e curvado expondo as  partes íntimas.
       Na rígida tradição da fé islâmica não se pode de forma alguma retratar Maomé em pinturas, desenhos, estátuas e até mesmo filme, tanto pelo fato de ele ter sido o grande profeta da religião, quanto pelo fato de não praticarem a idolatria. Imaginemos então o quanto não deve ser ofensivo ter o profeta Maomé retratado com tanto desrespeito e desprezo nas insistentes e cada vez mais provocadoras charges produzidas pelo jornal.
      Mostrado estas charges aos desavisados telespectadores da Tv Globo talvez possa fazê-los pensar; "É... realmente são desrespeitosas e provocadoras essas charges, mas nada que justifique a violência". Porém não sei como se sentiriam vendo a próxima charge que ultraja o cristianismo.

      Além de atacar judeus e islâmicos, o jornal Charlie Hebdo ataca o cristianismo de uma forma tão extrema quanto inimaginável, que faltam adjetivos para censurar tal despropósito.
       Para um cristão essa imagem é tão chocante que penso que nunca deveria ter sido feita. Tanto que não me sinto a vontade de publicá-la no meu blog, porém creio que tenho o dever de expressar minha opinião de repúdio ao comportamento insano do jornal Charlie Hebdo. Ainda mais quando grande parte da verdade está oculta nos grandes jornais, revistas e empresas de televisão. Em nenhum momento os jornais se quer falam/descrevem o teor grosseiro, antirreligioso e intolerante destas charges, carregadas de preconceitos de toda ordem desfaçados de humor e de causa da liberdade de expressão.
        Ter a liberdade de expressão não inclui ter o direito de ofender constante e incisivamente um povo, uma cultura, uma religião, seus profetas e seus deuses. Se jornalistas travestidos de libertários, xenófobos e políticos de extrema direita dizem não aceitarem a islamização do ocidente (isso sim é uma piada pela ironia de tal afirmação) como querem estes impor a banalização da religião islâmica no mundo. 
          O fato de ser ateu não quer dizer que este mesmo ateu não deva reconhecer o direito do outro crer em um supremo criador, profetas e todo um sistema religioso. Pois o mesmo direito que o ateu deve dar ao indivíduo de crê em Deus e viver de acordo com  uma doutrina religiosa, é o mesmo que garantirá a sí o direito de não crer nesse mesmo Deus e viver de acordo com suas conveniências.
       Fala-se tanto nos jornais que de acordo com recentes pesquisas realizadas entre franceses, ingleses e pessoas de outros países imperialistas europeus, mais da metade acredita que o Islã é incompatível com o mundo ocidental http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/01/visao-do-isla-na-europa-e-uma-dificil-questao-politica-cultural-e-social.html. Parte do povo inglês, francês e alemão se preocupa com o crescente número de muçulmanos que migraram e migram cada vez mais para estes países. "Temem" a descaracterização de suas culturas. Ora, não são estes mesmos imigrantes oriundos exatamente dos países que em um curto período do passado foram invadidos, explorados e saqueados por tais países europeus. Portanto, certamente não é uma mesquita, um turbante ou um prato árabe que vão destruir a França. O que destrói um país é a escravidão, a exploração da natureza e a violência da cruzada ocidental em nome, ontem de Cristo, hoje do desenvolvimento.     
       A comunidade islâmica (que não são as organizações extremistas) buscou os meios democráticos para pôr limites ao jornal, porém perderam a causa. Com isso o jornal ganhou passe livre para extrapolar os achincalhamentos. Quando partidos de extrema direita e parte da sociedade francesa demonstra temer a descaracterização de sua cultura, na verdade estão buscando uma justificativa para oprimir ainda mais os imigrantes pobre, negros e muçulmanos: discriminando-os e até mesmo os matando nos guetos da periferia como hora e outra vemos, sendo o autor a polícia.
        O atentado ao Jornal francês não foi um ataque contra a liberdade de expressão ou de imprensa, foi um ataque de radicais árabes contra intolerantes ocidentais. Uma coisa é criticar, satirizar. Outra coisa é achincalhar. Não é uma questão de liberdade de imprensa... é muito mais amplo, é uma questão política. Fazer o que o Charlie Hebdo fez, mais do que um aparente obsessão inexplicável, também cumpre o papel de dizer  "muçulmanos vocês não são bem vindos na Europa, aqui é assim: ou aguenta ou vai embora". É uma forma de bullying contra todo um povo. E não adianta justificar que as charges se direcionavam apenas aos extremistas, pois Maomé e Alá são o profeta e o Deus tanto para estes, quanto para o simples muçulmano que vive o seu cotidiano com simplicidade e que não acredita na política das armas e das bombas. As charges, de tanto retratar constantemente o muçulmano com armas e bombas, acaba fazendo com que as pessoas associem todo muçulmano a um homem-bomba. Seria o mesmo que fazer constantemente charges de norte-americanos com um hambúrguer do McDonald's em uma mão e na outra um fuzil do exercito estadunidense.
      Grande parte dos europeus e norte-americanos, brancos e ricos não perderam a mania de acharem que seus propósitos são os únicos corretos, dignos de mobilização mundial e também de acharem que suas vidas valem mais do que a de um asiático, um negro, um pobre, uma criança palestina.
         Claro que lamentamos pelas vidas ceifadas no ataque do World Trade Center ou nas estações de metrô de Londres. E quando um atentado desses ocorre o mundo inteiro fica de luto... até no Brasil pessoas choram, ascendem velas, dão depoimentos emocionados. Mas porque as lágrimas só caem quando morrem franceses, ingleses ou norte-americanos? Qual foi a condenação dos EUA pelo maior ataque terrorista do planeta: as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki que mataram mais de 150 mil civis inocentes? Qual a condenação aos EUA pelos crimes de guerra cometidos contra civis? Uma guerra de invasão norte-americana que em 10 anos matou mais de seis milhões de pessoas.

        
      Por que não é atentado à liberdade de imprensa quando o Estado norte-americano por meio de seu poderio militar assassina os jornalistas fotógrafos recém-contratados da Reuters Saeed Chmagh e Namir Noor-Edeen? Talvez por serem iraquianos, apesar de serem formalmente da Reuters.
    Por que as lágrimas não caem e não há revolta mundial contagiante quando os sádicos e psicopatas soldados e generais norte-americanos fuzilam crianças iraquianas e depois de se darem conta do que fizeram tiveram a coragem de não prestar socorro para elas no hospital da base militar, com maiores recursos, entregando-as a polícia local para que em seguida fosse levada a um precário hospital iraquiano.
       Os soldados norte-americanos ignorantes, torturadores (como vimos no estopim de Abu Ghraib) e sedentos por sangue, pedem como adolescentes petulantes permissão para atirar em um grupo de pessoas que estava reunido na rua, simplesmente. Abaixo vocês verão as imagens destes brutais assassinatos publicado pelo Wikileaks e escondido pela grande mídia. Esse vídeo foi vazado pelo ex-analista militar Bradley Manning de, na época, 23 anos. Resultado: Julian Assange, criador do Wikileaks está refugiado no Equador e Bradley Manning está preso e foi condenado a 35 anos de prisão. 
       Nos casos do Iraque em 2007 nem comoção pelo assassinato dos jornalistas, civis e crianças iraquianas, nem tampouco a liberdade de imprensa para mostrar para o mundo o terrorismo de estado estadunidense contra inocentes. Portanto: Je ne suis pas Charlie.