A minha mãe, Professora Zilda Carmo de Almeida, foi convidada pela Escola Irmã Agnes Vincquier para fazer uma roda de conversa com estudantes e funcionários com o objetivo de falar das suas memórias e experiências de convívio com a querida Irmã Agnes: Missionária Belga do Imaculado Coração de Maria, que veio a nossa comunidade como um presente Deus para juntos vivermos felizes na comunhunhão cristã.
Junto com ela conviveram conosco também a Irmã Cris (que retornou a Bélgica em 2012) e a Irmã Malati (atualmente em missão no Rio de Janeiro).
Teremos a alegria de recebermos mais uma vez a visita da Irmã Malati em nossa comunidade do dia 3 ao dia 06 de outubro deste ano. Em outras publicações falarei mais da experiência de nossa convivência, bem como postarei registros dos momentos de sua visita.
Trago também a vocês uma entrevista que a Irmã Malati concedeu ao blog Pessoas Comuns que Fazem a Diferença, escrito por Gustavo Simões. Vomos conhecer um pouco de nossa estimada Irmã Malati.
Onde e
quando a senhora nasceu?
Nasci numa cidade chamada Trichirappalli, no
estado de Tamil Nadu, na Índia, no dia 7 de Janeiro de 1949.
- Como foi a sua infância?
Graças a Deus, Ele escolheu para mim os pais católicos que
moravam numa área católica, numa paróquia dos jesuítas. Na área aonde nasci e
cresci estávamos cercados por famílias católicas e havia missa diária e oração
da noite na capela.
Meu pai trabalhava como contabilista no
departamento ferroviário do Governo e gostava de ler a Bíblia. Lia todos os
dias em voz alta um capítulo da Bíblia e a minha mãe ficou em casa para nos
cuidar. Nós éramos ao todo 10 filhos.
Eu nasci como o 5º membro da família e a primeira
filha da família. Depois dos 4 filhos, a minha mãe queria ter uma filha e disse
que rezou muito para nascer uma filha. O meu nascimento foi um grande alegria
para os meus pais e meus 4 irmãos. Me deram o nome Malathi poque eu nasci na parte da tarde quando estavam ascendendo a
lamparina do óleo. Malathi na minha língua quer dizer o fogo da tarde.
Os meus avós maternos moravam na casa vizinha.
Eles tinham 14 filhos. A minha mãe era a filha mais velha e nós tivemos muita
interação com os tios, as tias e os primos e primas. Criamos um laço forte que
dura até hoje.
Quando tinha 2 anos de idade, ao longo de 8 meses os meus dois irmãos mais
velhos faleceram, um de febre tifoide com pneumonia ( naquele tempo não havia
remédio para esta febre) e outro morreu de catapora que não apareceu por fora
mas o envenenou por dentro. Estas duas perdas marcaram muito a minha família.
Minha mãe fala que a falta dos meus dois irmãos que brincavam comigo me fez
ficar quieta. Sei que até hoje a tristeza
da perda me faz ficar em silêncio.
Com esta tristeza a minha mãe perdeu um filho,
ela estava grávida. Ainda bem que Deus salvou
a vida da minha mãe que também estava em perigo por causa da hemorragia.
Depois nasceu um irmão que está bem. Hoje está no
país chamado Kuwait. Assim voltou a alegria da família.
Quando tinha 4 anos outro irmão meu nasceu, com um
problema de coração ( falavam dele como a “criança azul”). Ele viveu somente quatro
meses e depois faleceu. Mais uma vez a minha família sofreu uma perda.
Depois nasceu a minha irmã. Ela está bem casada
com 5 filhos e mora a cidade de Bangalore. O nascimento dela trouxe muita alegria.
Quando tinha 6 anos mais um irmão faleceu, um dia
depois do parto. Pois a anestesia da cirurgia afetou a criança. Isso foi um
grande sofrimento para os meus pais.
Assim desde a infância Deus me fez experimentar de
uma maneira forte o mistério Pascal de vida e morte.
Comecei ir a escola desde os 4 anos de idade.
Foram anos de aprendizagem, brincadeira de criar amizades que duram até hoje.
- Quando e porque decidiu ser uma religiosa?
Minha avó materna não gostava muito das freiras. Ela não queira que as filhas se
tornassem freiras. Então desde a infância pensei que aquelas que não podem se
casar se tornavam as freiras.
Mas quando tinha 13 anos , tive uma professora bonita e boa que entrou no convento Carmelo
contemplativo. Fomos convidadas para o dia dela receber o Hábito. Ela parecia
mais bonita e mais feliz. Então o conceito errado da minha infância estava
mudando.
Também neste ano na escola católica aonde eu estudava, na
catequese, estudávamos o evangelho de São João. Pela primeiro vez li a seguinte
frase : “Deus amou o mundo tal maneira que Ele deu seu único filho para salvar
o mundo” (João 3,16). Esta frase fez algo dentro de mim que pela primeira vez entendi que o nosso
Deus é um Deus que nos salva. Naquele tempo
a igreja chamava de pagão as pessoas que pertenciam a outra religião.
Então tinha medo de perder as minhas amigas Hindus que não foram batizadas.
Então queria também doar a minha vida para Deus, como Jesus, para salvar o mundo.
Então quando tinha 16 anos queria entrar no Convento de Carmelo contemplativo. Graças
a Deus o meu diretor espiritual,
conhecendo a minha natureza social, me encaminhou para a congregação das Irmãs
Missionarias do Imaculado Coração de Maria aonde eu pertenço até hoje.
- Sua família apoiou sua decisão de ser uma irmã?
No início o meu pai teve muita dificuldade em
aceitar. Também tinha somente 16 anos. Ele pensava que eu não tinha a
maturidade necessária para fazer uma decisão para toda uma vida. O meu tio
pensou que talvez eu não fosse permanecer por mais de duas semanas porque era
muito apegada à minha família.
Mas minha mãe acreditava na minha escolha e na minha
busca. Quando o meu pai veio me visitar depois de um mês da minha entrada no
convento ele acreditou em mim porque me viu bem feliz..
- Nesse contexto como foi sua vinda para o Brasil?
Quando entrei no convento a
nossa congregação não tinha ideia de mandar as irmãs indianas para missão fora
da Índia. Como congregação na Índia nós temos muitas instituições com escolas,
hospitais, ambulatórios, escolas técnicas, escolas para surdos e cegos etc.
Então, eu me formei como uma professora de crianças surdas e trabalhei como
diretora da escola dos surdos na cidade de Mumbai por quatro anos.
Mas o governo Indiano fechou os vistos para as irmãs estrangeiras que
iriam entrar. Então a congregação apelou para nós, as irmãs jovens, para optar
pela missão fora do país.
Eu já estava bem entrosada no meu trabalho e estava feliz. Mas
este chamado me incomodava. Tocou o meu
apego pelo meu trabalho. Então fiz um discernimento sério e entendi o chamado
de Deus para desapegar de novo e colocar na disposição de Deus e da
congregação.
Assim cheguei no Brasil no
ano 1978. O meu irmão, que é Padre
jesuita, não concordava com a minha decisão. Mas Deus se manifestou como Deus, mostrando
que nada é impossível.
- A senhora faz parte de um grupo religioso? Qual o trabalho desse grupo e onde se localiza no Rio de Janeiro?
Eu faço parte da congregação das Irmãs
Missionarias do Imaculado coração de Maria. A sede se localiza na rua vereadora
Russani Elias José, 101, Nova Iguaçu, RJ. Para nós Irmãs Missionarias do
Imaculado coração de Maria (ICM) a
missão é o foco. Somos convidadas para nos dedicar às pessoas que estão na
situação de fronteira, aonde a vida é ameaçada. Hoje no brasil nós irmãs
estamos trabalhando com os drogados, prisioneiros, com empregadas domesticas,
com migrantes, com educadores,, com crianças, mães e jovens no nível de acompanhamento espiritual,
jurídico, formação integral através de pastorais específicas, espiritualidade
integradora e ajuda jurídica.
- Em quais atividades ligadas à vida como religiosa a senhora participa?
Por enquanto ( até Junho 2017) estou a serviço da
nossa província do Brasil como Provincial. Este serviço consiste em animar,
acompanhar e coordenar as atividades das irmãs para que possamos ser fiel na missão que Deus nos
confiou.
Uma vez por semana ( nas 4as feiras de
9-16h) trabalho no Hospital São
Francisco, Tijuca, na ala do Pai pela recuperação dos doentes especialmente os
dependentes químicos na área da espiritualidade para resgatar sua autoestima e
cura interior, através da yoga e da meditação.
Uma vez por semana participo no grupo de
meditação cristã que funciona todas as 4as feiras de 18 às 19h no salão São Francisco da Igreja dos
Capuchinos.
Nas 5as feiras participo no grupo de Lectio
divina na Catedral santo Antônio em Nova Iguaçu.
Nas 6as feiras dou uma hora de espiritualidade
para a população da rua, na casa de olidariedade da diocese de Nova Iguaçu
Tenho outros compromissos de estudo ou retiro ou
acompanhamento das pessoas ou visitas nas casas
que faço segundo o pedido pessoal e grupal.
- O que gosta de fazer nas horas vagas?
Faço um aprofundamento dos assuntos que
vou tratando nos encontros que tenho assumido.
Gosto de rezar sozinha ou com as pessoas
Faço um trabalho pessoal comigo mesma para
me entender melhor.
Visitar as famílias ou as pessoas para
partilhar as suas experiências.
Ler os livros que ajudam na pro ação.
Gosto
de cozinhar algo que é gostoso e poder oferecer para as pessoas que nos
visitam.
Escrever ou responder os e mails.
- Nos conte um pouco das suas experiências internacionais.
As viagens que eu fiz até agora são pela necessidade da
congregação seja para uma reunião, assembleia, um encontro ou um capítulo.
Assim visitei: Jamaica, St. Croix nas ilhas de Caribe, Guatemala, Texas e Nova Iorque, Bélgica e Roma, e
recentemente estive no Congo.
Quando vamos para outro país
conhecemos também o povo com quem as nossas irmãs trabalham e o tipo de
trabalho que as nossas irmãs desenvolvem. Assim para mim isso abre a minha
mente e o meu coração para abraçar outro povo , a sua luta e também para
aprender algo que ajuda na superação das
dificuldades. A gente também começa a apreciar a cultura , a religiosidade e a
fé do outro povo. Sinto que somos um povo, uma humanidade no jeito de nossa
busca, nosso sofrer e nosso querer.
- Como e quando conheceu a Meditação Cristã? Porque começou a praticar?
Olha você nem pode imaginar. No ano 1998, fui visitar no Hotel
Copacabana, alguns indianos que trouxeram alguma coisa de Índia. No elevador
encontrei com D. Laurence Freeman , o líder mundial de Meditação Cristã, com o Sr.
Sérgio de Morais que era o coordenador de Meditação Cristã do Rio de Janeiro.
Então quando Dom Laurence Freeman soube que sou da Índia, ele falou para Sr.
Sergio: “- Esta irmã pode ajudar na meditação Cristã”. Assim Sr. Sérgio me
procurou. Depois conheci o grupo de Tijuca porque a D. Susana Calache que
participou num dos meus encontro pediu a Ir. Fernanda para me procurar.
- O que a Meditação Cristã traz para a sua vida?
Quando conheci a meditação cristã já tinha praticado no
passado meditação. Mas a meditação
cristã me deu uma disciplina de sentar 30 minutos de manhã e 30 minutos à
noite. Me faz tocar o silêncio interior aonde habita o sopro de Deus . Me dá o sentimento de
gratidão diante de nosso Deus que se faz presente. Esta certeza me faz confiante diante das pessoas e situações,
especialmente nos momentos desafiantes.
Sinto que a minha saúde física, emocional e
espiritual estão melhorando a cada dia. A minha energia se torna positiva com
as pessoas necessitadas. A minha esperança é mais forte do que o meu medo.
- O que a senhora diria para quem está começando a prática da Meditação?
Vale a pena praticar a meditação. Para ficar em silêncio não é
fácil, mas a experiência de tocar o silêncio interior nos cura de todas as
males e nos traz a intimidade com Deus, conosco mesmo e com outros. Cria um
laço eterno com as pessoas com quem
meditamos.
- Como a senhora enfrenta as dificuldades da vida?
Diante das dificuldades, respiro profundo e
invoco a mantra Maranata. Sinto que Deus vai diante de mim para abrir o caminho
de paz e entendimento. Acredito que a boa noticia de Deus é maior que o meu
medo. Na realidade sinto uma força interior para enfrentar as dificuldades e
experimento a paz nas interações.
- Que mensagem deixaria para as pessoas?
Vale a pena praticar a meditação, apesar da luta para entrar no silêncio. Uma vez que se entra nesta disciplina, a pessoa vai sentir o beneficio de meditação em todas as áreas da sua vida. Boa sorte para vocês.
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