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segunda-feira, 27 de março de 2017

A Pedagogia da Autonomia contra pedagogia da hipocrisia

 
       É incrivel como são hipócritas os que se dizem educadores e acabam por praticar a deseducação.
       Não consigo entender como um pretenso educador passa quatro anos na universidade aprendendo que a escola deve ser um ambiente de liberdade democrática, de diálogo e de incentivo ao espírito crítico dos estudantes, e quando parte para a prática trata o estudante como se fosse um soldado ou um trabalhador de uma fábrica que tudo tem que obedecer, sem ao menos questionar.
       Quantos seminários este mesmo pretenso educador fez e quantos excelentes recebeu por explanar o quanto é importante ouvir a comunidade escolar como um todo para realmente construir uma gestão democrática e condizente com a realidade social concreta... Porém quantas vezes se juntam os professores, coordenadores e direção para simplesmente decidirem por toda comunidade escolar, imporem regras que, se quer eles próprios procuraram refletir a fundo o porquê de determiná-las. Um exemplo disto é: por que não pode usar bermuda, mas pode usar saia? Qual seria o problema? Mostrar a parte inferior das pernas? seria isto imoral? Se for imoral...só é imoral com bermudas e com saias não?  
        É triste ouvir de coordenadores escolares que o estudante só pode entrar na escola com calça azul ou preta. Que o estudante não pode vir todo colorido... uns com calça verde, outros com vermelha, pois isto traz desorganização para escola. Como é revoltante saber que estudantes são barrados no portão da escola porque a bainha da sua calça está alguns centímetros acima do que é convencional; porque sua calça está rasgada ou porque usam camisas sem manga. Como é inacreditável que mães de estudantes são Impedidas de entrar na escola por estarem de vestido de alça ou de bermuda. O educador deve educar o estudante, porém quem educa o educador? Quem pode provocá-lo? Sensibilizá-lo para a reflexão de seu método, de sua postura na comunidadee escolar e de como se relaciona com esta, sobretudo com seu aluno?
         Que pureza é esta de se sentir ferido moralmente pela exposição das pernas, dos braços e do colo de outrem? Que estabelecimento escolar é este que tem mais pudor do que certas igrejas que recebem sem mais constrangimentos os seus irmãos e irmãs de bermudas e casmisetas?
       Agem como se fossem donos da escola. Não respeitam a diversidade dos estudantes quando impõem um padrão sem discutir com os estudantes e pais. Estão praticando uma educação que traz como resultado formar um indivíduo apolítico, apático, acomodado e que obedece sem questionar as decisões impostas por um núcleo de poder. O estudante que se forma nesses moldes é o mesmo cidadão que mais na frente vai aceitar calado uma reforma trabalhista que lhe tira direitos e precariza o trabalho, que aceita calado uma reforma previdenciária que aumenta seu tempo de contribuição e diminui seus rendimentos.
        Os que defendem a uniformização obrigatória dos estudantes dizem que eles não podem ter liberdade de usar bermuda porque não têm limites e desta permissão abusariam e passariam a usar roupas mais curtas. Porém, pergunto: Como poderão os jovens amadurecer se não tiverem a oportunidade de fazerem uso da liberdade? Os jovens não merecem confiança? Queremos que sejam eternamente tutelados? Os estudantes estão condicionados à tutela que até para irem ao banheiro, perguntam ao professor: - Posso ir ao banheiro? Ora, e se o professor disser não? O estudante deverá acatar e matirizar seu organismo em nome de uma pseudo e despropositada autoridade?
     É certo que temos que entender as pessoas que buscam no modelo tradicional de educação: o respeito, a organização e a harmonia. Porém devemos refletir sobre o que pode ser mudado sem prejudicar esses princípios. Seria a uniformização obrigatória do estudante e a rigidez quanto a exposição do corpo que vão trazer estes valores? Por que o jovem deve andar unifformizado e coberto do pescoço aos pés no ensino médio e quando este mesmo jovem entra na universidade tem a liberdade de andar até de short, chinelo e camiseta? Por isso a universidade seria imoral? Se sim, quer dizer que os professores que são formados nas universidades, estão sendo formados em ambiente de imoralidade? 
        É importantante destacar que nós que pregamos uma educação libertadora não queremos uma educação bagunçada, sem limites e sem regras. Porém queremos discutir junto com a comunidade como um todo, quais são estes limites e regras. Como disse a brilhante educadora Cecília Meireles: devemos "instruir para educar, educar para viver, mas viver par que?". Portanto. É inarredavelmente necessário ouvir a comunidade sim! Para sabermos quais são os objetivos de nossa educação, o que e como devemos aprender (currículo e metodologia), e quais são as regras que devem ser adotadas e porque adotá-las.
        Até o mais tradicionalista há de convir que, se a sociedade muda, as regras também mudam, mesmo que demore. Devemos ter a clareza de que nem toda lei ou regra é justa. Se não fosse assim, poderíamos dizer então que a escravização era justa, que o apartheid sulafricano e a segregação étnica norte americana era justa. Que a regra de impedir a mulher de votar era justa. As coisas mudam. Há décadas atrás não era dequado a mulher usar calça cumprida. Até a década de 80, em pleno clima tropical, os acadêmicos de direito da UFPA eram obrigados a usarem paletó e gravata para assistirem aulas. Mas isto mudou. Será que devemos nos apegar à regras e posturas retrógadas cegamente sem pelo menos fazer uma reflexaão? Se sim, pelo menos temos que combinar.
       Há alguns dias atrás pedi que um estudante fosse pegar sua redação em sua casa que fica, aproximadamente há cem metros da escola. O vigia não permitiu que ele saísse, pois disse que pelas regras, o aluno só pode sair com autorização da secretaria. Nestas primeiras horas da manhã não estavam na escola nem o diretor, nem o vice, nem sequer uma coordenadora. Então autorizei que o estudadante fosse. Porém o vigia trancou o portão e deixou o jovem para o lado de fora, não permitindo que o mesmo assistisse as demais aulas. Isto provocou uma comoção muito grande entre os alunos e em mim também. Em solidariedade toda a turma foi até o portão, onde foi feita a leitura em voz alta da redação da jovem vítima do sistema escolar autoritário e retrógrado. A culpa deste agressão contra o jovem não é só do despreparado vigia, mas do diretor, do vice diretor e dos coordenadores que só dão as regras, mas não procuram sensibilizar o vigia para a diversidade de situações que podem ocorrer. A culpa tabém é de nós professores que tudo queremos decidir a sós com a direção e coordenação. A culpa também é dos alunos e dos pais que se submetem a todas as regras sem participar do processo decisório. 
      Produto deste conflito surgiu a ideia por parte dos estudantes de se fazer uma assembleia na escola para se discutir todas estas questões. Foi registrada uma ocorrência na escola em que os estudantes isto reivindicam. Estamos a cargo direção para que marque a data da reunião. Quanto mais este encontro tardar, mas causará revolta entre aqueles que desejam, não revoluniconar, mas no mínimo serem ouvidos e considerados. A cúpula da escola se preocupa tanto com os centímetros a menos e com as cores da roupa do aluno e pouco com a educação. Não propicia a discussão das, regras, do currículo, dos objetivos da educação. Os estudantes além de serem vítimas do autoritarismo não tem nem acesso a biblioteca, porque esta teve que virar sala de aula não tem laboratório, porque este nunca teve estrutura e virou depósito; não tem se quer o acesso a uma quadra coberta para praticar exercícios; não tem quer livros ou cadeiras suficientes; os ventiladores estão quase caindo em suas cabeças e quando chove os estudantes são encharcados porque as paredes sõ inadequadas.
        A partir do momento que os pais e estudantes se conscientizarem da força que têm. Muita coisa pode mudar. Não fique surpresa a direção da escola quando a promotoria pública instaurar um processo contra ela por constrager um estudante menor ou privá-lo de assistir aula por um simples rasgado ou colorido na roupa. Não fique surpreso o diretor, vigia ou coordenador que receber a sentença de ter de comprar o uniforme do aluno, já que os mesmos obrigam o uso mas a escola não oferece gratuitamente.
      Na universidade aprende-se que o educador deve considerar a realidade do estudante, deve ser tolerante e tentar compreendê-lo. Porém na prática, como este pretenso educador desconsidera a realidade do estudante, é intolerante e nem procura compreendê-lo. 
           Certa vez (já este caso não é desta escola) uma aluna foi vítima de Buling na escola: colocaram chiclete em sua cadeira o que acabou por estragar a sua única roupa de uniforme. No dia seguinte a estudante foi constrangida por estar sem uniforme, sem ao menos ser perguntada do porquê de assim estar. O sociólogo Edgar Morin nos alerta que devemos olhar o ser humano em sua multidimencionalidade. Só assim podemos entendê-lo melhor. Devemos olhar uns aos outros de maneira humanizadora.
É argumento dos conservadores que o estudante deve usar obrigatoriamente o uniforme, pois em toda instituições existem regras formais relacionada a vestuário… Pois bem, recentemente um magistrado foi condenado pela própria justiça a pagar indenização ao agricultor por se recusar a atendê-lo por estar vestido com bermuda e sandálias. Será que não corremos o risco de sermos barrados da escola por usarmos até adornos ou barba como ocorreu com os funcionários do Banco Bradesco1.
Vivemos em uma democracia e não em uma “vigiocracia”… No sentido amplo da palavra: quando todos vigiam todos e sensuram a roupa um do outro. E no sentido rstrito: quando a escola terceiriza a gestão, deixando na mão de alguns vigias despreparados e autoritários a decisão última de quem entra e não entra na escola.
Como dizia Marx“tudo que é sólido se dissolve no ar”. Não queremos mais uma escola desfigurada, com a cara só de professores, coordenadores e gestores. Uma escola autoritária, incompreensiva e burocratizadora das relações. Uma escola que quer homogeizar os estudante desrespeitando a sua diversidade (inclusive seu jeto de falar) e desprezando a sua opinião. Uma eescola que quer ensinar palavras ao invés de estimular o estudante a dizer qual é a sua palavra.
Ou a direção da escola ouve toda a comunidade escolar ou pode chegar o dia em que os estudantes se utilizem de violência tanto o quanto são violentados real e simbolicamente, assim como fezeram os burgueses e camponeses contra o domínio da nobreza na ocasião da Revolução Francesa no século XVIII - sendo o nosso atual regime democrático decorrente deste processo.
Portanto, abaixo os cadiados, abaixo o autoritarismo, abaixo o puritanismo. Por outro lado, viva a liberdade! Viva a democracia! E viva a esperança de dias melhores para a nossa tão sofrida, estigmatizadora e estigmatizada educação…


Referências
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: como é e como se faz. 52ª ed. São Paulo: Loyola, 2009.

BRASIL. Manifesto dos pioneiros da Educação Nova (1932) e dos educadores (1959). (Col. Educadores). Recife: Masangana,2010.

FREIRE, Paulo. A pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. São Paulo:Expressão Popular, 2008.

MEIRELES, Cecília. O espírito victorioso. In: LÔBO, Yolanda. (Col. Educadores). Recife: Masangana,2010.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessário para a educação do futuro. 2. ed. – São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, 2000.

OLIVEIRA, Marcos Marques. Florestan Fernandes. (Col. Educadores). Recife: Masangana,2010.

1Fonte: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2010/09/24/e-se-fosse-proibido-usar-barba-e-bigode-no-trabalho/.
Obs: Quem quiser baixar o texto em PDF clique no link abaixo.
Obs: Aqui abaixo está o link do texto produzido pelo aluno que foi injustamente barrado no portão. A redação traz como tema: Qual é a sua palavra.

    
 Curtam a música da banda inglesa Pink Floyd e reflitam sobre a educação conservadora.
 

quarta-feira, 15 de março de 2017

Textos de Filosofia 3º Ano / 2017

   De acordo com o meu planejamento, os textos do 3º ano serão textos mais curtos, diversificados e livres, com o objetivo de favorecer o debate, uma vez que neste estágio da vida escolar estão mais maduros.
   A revista Mundo Jovem traz excelentes textos, produzidos por enganjados acadêmicos e dentre as várias sesões que têm, traz também um espaço para a filosofia.
   Trago aqui um repertório de textos que serão utilizados em todos os bimestres. Conforme o ritimo vou acrescentando mais textos. Lembrando que no 4º bimestre planejei trabalhar um tema livre, conforme a orientação curricular sugere, que seria a questão da sexualidade, e que certamente envolverão outros textos que disponibilazarei em outra postagem no momento adequado.

Boa leitura e boa reflexão!

Pessoas Invisíveis na sociedade. E o ser?

Afinal, o que é a verdade?

Violência e banalização do mal

O ser humano como ser político

Ética na comunicação

Para alcançar a liberdade / Snowden: Combatendo a antidemocracia

O que é ética?

O que é moral?

Ética, moral e direito

Textos de Filosofia / 2º Ano / 1º Bimestre

    O livro tem uma organização e escrita razoável, mas é o único que temos. Se der tempo de trabalharmos outro tema neste 1º bimestre, atualizarei esta postagem acrescentando mais um texto.

Boa leitura!


Natureza e cultura: Determinismo e liberdade

Texto de Sociologia / 1º Ano / 1º Bimestre

     Livro muito bom, escrito por três excelentes e bem formadas professoras. Traz uma linguagem bem acessível ao estudante do ensino médio e abordagens de questões atuais à luz de grandes autores da Sociologia.

Atenção: Vamos ler tudo e trabalhar atividades em sala de acordo com que o tempo nos permitir. A prova do 1º bimestre terá este texto como referência.

Boa Leitura!

Cap. I. Introdução à Sociologia